sábado, 8 de abril de 2017





Assata Shakur ex Pantera Negra e o Comunismo



“Meu nome é Assata ("ela que luta") Olugbala ("para o povo") Shakur ("o agradecido"), e eu sou uma “escrava” do século 20. Por causa da perseguição do governo, não tive outra escolha senão fugir da repressão política, do racismo e da violência que dominam a política do governo dos EUA em relação às pessoas pretas. Eu sou uma ex-prisioneira política e vivo no exílio em Cuba desde 1979. Eu fui uma ativista política  a maior parte da minha vida e, embora o governo americano tenha feito tudo o que está ao seu alcance para me criminalizar, eu não sou uma criminosa. Nunca fui. Na década de 1960, participei de várias lutas: os movimento de libertação negra, dos direitos estudantis e contra a guerra no Vietnã. Eu entrei para o Partido Partido das Panteras Negras e em 1969. O Partido das Panteras Negras se tornou a principal organização alvo do programa COINTEL do FBI por ter exigido a libertação total dos negros, J. Edgar Hoover chamou-a de "maior ameaça à segurança interna do país" e jurou destruí-la e seus líderes e ativistas.”
Por Assata Shakur  

Em 2 de maio de 1973, a ativista das Panteras Negras, Assata Olugbala Shakur , também conhecida como Joanne Deborah Chesimard, foi agredida pela Polícia do Estado de Nova Jersey, e depois acusada de assassinato de um policial. Assata passou seis anos e meio na prisão sob circunstâncias brutais antes de escapar da ala de segurança máxima do Clinton Correctional Facility for Women em New Jersey em 1979 e se mudar para Cuba.
Após 40 anos, em 2013, o FBI declarou Assata Shakur terrorista, deturpando assim o significado de “terrorista”, pois Assata jamais atacou civis, usando um crime nitidamente montado. Houve forte apelo pelo “perdão” a Assata, por vários ativistas e inclusive da ex Pantera Negra Angela Davis, feminista ativista no país, mas sem sucesso.

Sobre o comunismo, Assata escreveu em sua autobiografia

“Eu não era contra o comunismo, mas também não posso dizer que apoiava. Inicialmente, eu achava suspeito, como se fosse tipo uma invenção de homem branco, até que eu li trabalhos de revolucionários Africanos e estudei os movimentos de libertação Africanos. Os revolucionários na África entenderam que a questão da libertação Africana não era só uma questão de raça, que mesmo que eles conseguissem se livrar dos colonialistas brancos, se eles próprios não se livrassem da estrutura econômica capitalista, os colonialistas brancos simplesmente seriam substituídos por neocolonialistas Pretos. Não houve um movimento de libertação na África que não estivesse lutando pelo socialismo. Na verdade, não há um movimento de libertação se quer no mundo que tenha lutado pelo capitalismo. A coisa toda se resume a uma simples questão: qualquer coisa que tenha algum tipo de valor é feito, extraído, plantado, produzido e processado pelos trabalhadores. Então, por que os trabalhadores não deveriam coletivamente possuir essa riqueza? Por que os trabalhadores não deveriam possuir e controlar essa riqueza? Capitalismo significa que os empresários ricos possuem a riqueza, enquanto que o socialismo significa que o povo que fez aquela riqueza a possui.


Eu entrei em acaloradas discussões com irmãos e irmãs que falavam que a opressão do povo Preto seria apenas uma questão de raça. É por isso que você tem pretos apoiando Nixon ou Reagan ou outros conservadores. Pessoas pretas com dinheiro sempre tenderam a apoiar candidatos os quais eles acreditavam que iriam proteger seus interesses financeiros. Na minha opinião, não precisou de muita inteligência para perceberem que o povo preto é oprimido por causa da classe, assim como da raça, porque somos pobres e pretos. Sempre me incomodava quando alguém falava sobre uma pessoa preta subindo a escada do sucesso. Sempre que você fala sobre uma escada, você está falando sobre o topo e o fundo, uma classe superior e uma classe inferior, uma classe rica e uma classe pobre.


Se você tiver um sistema com um topo e um fundo, o povo preto sempre vai terminar na parte de baixo porque somos mais fáceis de sermos discriminados. Por isso que eu nunca consegui enxergar a luta por dentro do sistema. Tanto o partido dos democratas quanto o partido republicano são controlados por milionários. Eles estão interessados em se manter no poder, enquanto que eu estava interessada em tirar o poder deles. Eles estavam interessados em apoiar ditaduras fascistas na América do Sul e Central, enquanto que eu queria vê-las derrubadas. Eles estavam interessados em apoiar regimes fascistas e racistas na África, enquanto que eu queria vê-los derrubados. Eles estavam interessados em derrotar os Vietcongues e eu estava interessada em vê-los ganhar sua libertação. Um cartaz do massacre de My Lai, mostrando mulheres e crianças amontoadas em uma pilha com seus corpos perfurados por balas, pendurado na minha parede era um lembrete diário da brutalidade que o capitalismo causava no mundo.”

Hoje Assata Shakur permanece exilada em Cuba.

Texto escrito com a colaboração de Leandro Augusto




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