quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Sexo contra sexo ou classe contra classe?!

Sexo contra sexo ou classe contra classe? Uma análise marxista sobre o feminismo atual

 “O chauvinismo masculino desperta grande indignação entre as mulheres e fomenta um profundo antagonismo entre os dois sexos. Existem duas maneiras distintas de tratar este aspecto da libertação da mulher.
Uma é a marxista. Sabemos que as mulheres estão subjugadas e humilhadas em uma sociedade dominada pelo homem, e também que estão plenamente capacitadas para se organizarem ativamente contra estes males. Ao mesmo tempo, o marxismo nos ensina que a subordinação de um sexo é parte e consequência de uma pressão mais ampla e da exploração da massa trabalhadora por parte dos capitalistas, detentores do poder e da propriedade. Portanto, a luta pela liberação das mulheres é inseparável da luta pelo socialismo.
E outro ponto de vista sustenta que todas as mulheres, como sexo, estão no mesmo barco e têm objetivos e interesses idênticos independentemente de sua posição econômica e da classe a que pertençam. Portanto, para obter a emancipação, todas as mulheres deveriam se unir e levar a cabo uma guerra baseada na diferença de sexo contra os machos chauvinistas, seus inimigos acérrimos. Esta conclusão, unilateral e distorcida, pode causar um grande dano à causa da libertação da mulher.”

        Evelyn Reed, feminista, militante e antropóloga, escreve em “Sexo contra sexo ou classe contra classe” sobre a análise marxista da luta feminista, mostrando as diferenças da luta pelo viés classista, para a luta identitarista. O que Reed quer dizer, não é negar a opressão de gênero que acomete a todas as mulheres, inclusive as de classes mais altas, mas que a verdadeira libertação da mulher não se dá com uma luta dos sexos, mas junto da luta de classes, que as questões acerca da opressão de gênero, não se separam das questões de classe. Que uma mulher proletária não tem como ignorar a opressão que sofre pelo peso da sua classe, para se unir a mulher burguesa e esmagar aos homens da sua classe que são igualmente explorados, muitos deles são seus cônjuges, filhos, pais. A luta, pelo viés marxista, é estrutural, entende-se que há mais do que homens matando mulheres, simplesmente por serem homens e mulheres, há um sistema social vigente que corrobora para a exploração dupla da mulher, cis ou trans, que se vê explorada por seu patrão ou patroa, mas também sofre violência de gênero. Não é negar que homens violentam, abusam, assediam, agridem e matam mulheres, mas que por saber que não é possível a eliminação de todos os homens no Planeta Terra, mas sim, é possível, eliminar da nossa sociedade, o machismo, o patriarcado, a misoginia e o feminicídio. Com a construção de uma nova sociedade, onde homens e mulheres andem em igualdade e equidade.
É questão de analisar historicamente, que desde a Revolução Francesa, alguns movimentos feministas eram escravagistas, muitas dessas mulheres não queriam igualdade de gênero para todas, mas só para as brancas e ricas, mulheres negras, servas, escravas ficavam de fora das suas pautas, semelhantemente, hoje, vemos uma luta por esse segmento, uma falsa ideia de sororidade, passando a noção de pacifidade, para que a proletária continue servindo a rica, eternamente, sem questionar, pois são do mesmo gênero, e por aí, a luta não se desenvolve, pois ela está intrinsecamente ligada às questões de classe.
“Portanto, classe contra classe deve ser a linha mestra da luta pela libertação da humanidade em geral, e da mulher em particular. Somente uma vitória revolucionária sobre o capitalismo, dirigida pelos homens e mulheres trabalhadoras e apoiadas por todos os oprimidos, pode resgatar as mulheres de seu estado de opressão e garantir-lhes uma vida melhor numa nova sociedade. Esta afirmação teórico-política marxista foi confirmada pela experiência de todas as revoluções vitoriosas, como as da Rússia, China, Cuba.
Quaisquer que sejam seus limites, as melhorias que estas revoluções garantiram na condição da mulher foram realizadas não através de uma luta entre sexos, mas através da luta de classes.
Não importa quão radical possa parecer; a substituição da luta de classes pela luta entre sexos, por parte das mulheres ativistas, seria um perigoso desvio do verdadeiro caminho da liberação. Esta tática somente poderia servir ao jogo dos piores inimigos das mulheres e da revolução social.”

Essa obra da Evelyn Reed é uma leitura obrigatória para toda mulher marxista.
Link para baixar em pdf  clique aqui ou no site marxist.org