Assata Shakur ex Pantera Negra e o Comunismo
“Meu
nome é Assata ("ela que luta") Olugbala ("para o povo")
Shakur ("o agradecido"), e eu sou uma “escrava” do século 20. Por
causa da perseguição do governo, não tive outra escolha senão fugir da
repressão política, do racismo e da violência que dominam a política do governo
dos EUA em relação às pessoas pretas. Eu sou uma ex-prisioneira política e vivo
no exílio em Cuba desde 1979. Eu fui uma ativista política a maior parte
da minha vida e, embora o governo americano tenha feito tudo o que está ao seu
alcance para me criminalizar, eu não sou uma criminosa. Nunca fui. Na década de
1960, participei de várias lutas: os movimento de libertação negra, dos
direitos estudantis e contra a guerra no Vietnã. Eu entrei para o
Partido Partido das Panteras Negras e em 1969. O Partido das Panteras Negras se
tornou a principal organização alvo do programa COINTEL do FBI por ter exigido
a libertação total dos negros, J. Edgar Hoover chamou-a de "maior ameaça à
segurança interna do país" e jurou destruí-la e seus líderes e ativistas.”
Por Assata Shakur
Por Assata Shakur
Em 2
de maio de 1973, a ativista das Panteras Negras, Assata Olugbala Shakur ,
também conhecida como Joanne Deborah Chesimard, foi agredida pela Polícia do
Estado de Nova Jersey, e depois acusada de assassinato de um policial. Assata
passou seis anos e meio na prisão sob circunstâncias brutais antes de escapar
da ala de segurança máxima do Clinton Correctional Facility for Women em New
Jersey em 1979 e se mudar para Cuba.
Após
40 anos, em 2013, o FBI declarou Assata Shakur terrorista, deturpando assim o
significado de “terrorista”, pois Assata jamais atacou civis, usando um crime
nitidamente montado. Houve forte apelo pelo “perdão” a Assata, por vários
ativistas e inclusive da ex Pantera Negra Angela Davis, feminista ativista no
país, mas sem sucesso.
Sobre
o comunismo, Assata escreveu em sua autobiografia
“Eu
não era contra o comunismo, mas também não posso dizer que apoiava.
Inicialmente, eu achava suspeito, como se fosse tipo uma invenção de homem
branco, até que eu li trabalhos de revolucionários Africanos e estudei os
movimentos de libertação Africanos. Os revolucionários na África entenderam que
a questão da libertação Africana não era só uma questão de raça, que mesmo que
eles conseguissem se livrar dos colonialistas brancos, se eles próprios não se
livrassem da estrutura econômica capitalista, os colonialistas brancos
simplesmente seriam substituídos por neocolonialistas Pretos. Não houve um
movimento de libertação na África que não estivesse lutando pelo socialismo. Na
verdade, não há um movimento de libertação se quer no mundo que tenha lutado
pelo capitalismo. A coisa toda se resume a uma simples questão: qualquer coisa
que tenha algum tipo de valor é feito, extraído, plantado, produzido e
processado pelos trabalhadores. Então, por que os trabalhadores não deveriam
coletivamente possuir essa riqueza? Por que os trabalhadores não deveriam
possuir e controlar essa riqueza? Capitalismo significa que os empresários
ricos possuem a riqueza, enquanto que o socialismo significa que o povo que fez
aquela riqueza a possui.
Eu
entrei em acaloradas discussões com irmãos e irmãs que falavam que a opressão
do povo Preto seria apenas uma questão de raça. É por isso que você tem pretos
apoiando Nixon ou Reagan ou outros conservadores. Pessoas pretas com dinheiro
sempre tenderam a apoiar candidatos os quais eles acreditavam que iriam
proteger seus interesses financeiros. Na minha opinião, não precisou de muita
inteligência para perceberem que o povo preto é oprimido por causa da classe,
assim como da raça, porque somos pobres e pretos. Sempre me incomodava quando
alguém falava sobre uma pessoa preta subindo a escada do sucesso. Sempre que
você fala sobre uma escada, você está falando sobre o topo e o fundo, uma classe
superior e uma classe inferior, uma classe rica e uma classe pobre.
Se
você tiver um sistema com um topo e um fundo, o povo preto sempre vai terminar
na parte de baixo porque somos mais fáceis de sermos discriminados. Por isso
que eu nunca consegui enxergar a luta por dentro do sistema. Tanto o partido
dos democratas quanto o partido republicano são controlados por milionários.
Eles estão interessados em se manter no poder, enquanto que eu estava
interessada em tirar o poder deles. Eles estavam interessados em apoiar
ditaduras fascistas na América do Sul e Central, enquanto que eu queria vê-las
derrubadas. Eles estavam interessados em apoiar regimes fascistas e racistas na
África, enquanto que eu queria vê-los derrubados. Eles estavam interessados em derrotar
os Vietcongues e eu estava interessada em vê-los ganhar sua libertação. Um
cartaz do massacre de My Lai, mostrando mulheres e crianças amontoadas em uma
pilha com seus corpos perfurados por balas, pendurado na minha parede era um
lembrete diário da brutalidade que o capitalismo causava no mundo.”
Hoje
Assata Shakur permanece exilada em Cuba.
Texto
escrito com a colaboração de Leandro Augusto
#Khaleesi